Coluna do Wille

Como a TV chegava ao interior no passado

As torres repetidoras de televisão eram a forma antiga de levar mais longe o sinal das emissoras das grandes cidades, antes do surgimento dos satélites e das parabólicas. No interior, na cidade mais distante da emissora, onde ainda se captava uma imagem razoável, era instalada uma outra torre, no ponto mais elevado.

No alto da torre, geralmente com 50 metros, ficava uma antena comum para captar a imagem da emissora distante. Um aparelho retransmissor, em uma pequena casa, no pé da torre, mandava o mesmo sinal amplificado para ser transmitido por outra antena, na mesma torre. E assim o sinal da emissora distante ia adiante por mais uns 30 a 50 quilômetros, em um outro canal.

 

 

Mais adiante uma outra repetidora, em outra cidade, tinha a mesma função, levando o sinal em direção ao interior, em um processo sucessivo. Mas com a distância crescendo, a imagem ia perdendo qualidade. E se uma das torres tivesse problemas, ou falta de energia, o sinal parava nas cidades seguintes.

 

 

Um exemplo, no norte do Paraná, foi no surgimento da TV Coroados, Canal 3, no dia 21 de setembro de 1963. A imagem chegava com chuviscos até a cidade de Maringá, a mais de 90 quilometros. Logo a seguir uma repetidora foi instalada em Maringá, no canal 6. E uma outra, em Nova Esperança, levava o sinal até a retransmissora do distrito de Sumaré, em Paranavai, no noroeste do Paraná, a 167 quilometros de Londrina. Outras retransmissoras surgiram ainda mais adiante, com precariedade.

Em 1969 surgiu a TV Tibagi em Apucarana, que tirou a audiência da TV Coroados. A nova emissora era do então governador, Paulo Pimentel, que tinha em Curitiba a TV Iguaçu. Com mais investimentos, a programação era melhor que a da TV Coroados. E o sinal tinha melhor distribuição, a partir de Apucarana, conhecida como a “cidade alta”. Retransmissoras de cidades mais distantes passaram a retransmitir a TV Tibagi, reduzindo a área de cobertura da TV Coroados. Geralmente havia equipamento para retransmitir só um canal, em cada repetidora.

Foi pelo mesmo sistema de repetidoras que parte do norte do Paraná recebia a TV Excelsior, canal 9, de São Paulo, no final dos anos 1960. Uma repetidora em Cornélio Procópio, e outra em Apucarana, levavam o sinal até Maringá. Posteriormente esta torre retransmissora foi para Marialva, para cobrir a região de Maringá. Quando a Excelsior foi fechada em 1969 por pressão política federal, a retransmissão passou a ser da programação da TV Globo de São Paulo, que na época era o Canal 5.

Mas com o fortalecimento das emissoras locais, que retransmitiam as mesmas programações de rede, receber o sinal de São Paulo deixou de ter sentido.

O mesmo aconteceu em Santa Catarina: Cidades como Blumenau, Joinville e Itajaí recebiam precariamente, por repetidoras, o sinal da TV Paraná, Canal 6, da Rede Tupi, de Curitiba. Ou do Canal 12 de Curitiba. A TV Coligadas de Blumenau, a primeira da região, surgiu só em 1969.

Hoje o sistema de repetidoras é muito melhor, já que os equipamentos podem receber o sinal diretamente da geradora, pelo satélite, via parabólica. E o sinal, com a mesma qualidade que sai da emissora geradora, chega às cidades do interior.

José Wille

 

 

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E aqui está o grupo Memória da Televisão do Paraná. 

 

 

 

 

 

 

 

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